quinta-feira, 6 de novembro de 2014

AUTITV
DISCIPLINA DE GASTRONOMIA

4ª AULA, 10 de Novembro de 2014

OS BENEFÍCIOS   E OS MALEFÍCIOS  DO DESENVOLVIMENTO  HUMANO







O desenvolvimento humano não se deu ao mesmo tempo no universo da terra, uns grupos evoluíram mais  sedo, outros mais tarde e, ao longo das grandes etapas da história, uns foram completamente extintos, outros ainda existem  mantendo  os comportamentos de ancestralidade, tendo a grande maioria evoluído   para  o  numero  mundial  da  população que  conta actualmente com 7 biliões  de indivíduos[1].













A caça em grupos organizados, pelo  homo sapiens, assim como a agricultura de queimada vieram
 depauperar os terrenos inicialmente férteis e desalojar os animais.








                                      foto actual

O homo sapiens, já com um desenvolvimento cerebral mais avançado, criou todo o tipo de armas  engenhosas: arpões, lanças com bico, redes de pesca, armadilhas, arcos e flechas envenenadas, coordenadas com técnicas mais ou menos ordenadas  para aumentar as fontes de alimento.
Com estes meios o homem  passou a  aumentar a colheita de alimentos, superiores mesmo às suas necessidades alimentares.







 Chegando a caçar grandes quantidades de animais pelo sistema de encurralamento  os quais obrigava a despenharem-se e morrer, sem que grande parte deles fossem aproveitados.











Numa pequena localidade de  França, Solutré,  na região de Borgonha,  foram descobertos restos de mais de 100 mil cavalos, cuja carne foi desperdiçada por excesso.[2] Estas capturas causaram desastrosos desperdícios, características dos homens  que não diminuíram com o passar dos tempos.


Estes novos procedimentos, na procura de alimentos vieram reduzir cada vez mais  a abundância  dos mesmos  e aumentar  a escassez,  até aí não sentida.





 Foi então a abundância, talvez mais que a carência, a responsável pelo início das guerras. 






 A luta pelo poder,  quer da terra, quer da caça, ambas destruídas  pela ganância dos homens,  levou os mesmos a lutarem por elas, pois que cada vez era necessário uma maior extensão territorial para se obter os alimentos necessários.

O homem , com o seu pacifismo,  caçando e colhendo, com armas rudimentares,  apenas o que precisava para se alimentar, foi aniquilado pela nova era com nova tecnologia potenciadora de guerra pelo poder de aumento da terra.

Os mesmos acontecimentos  têm vindo a  repetir-se, havendo povos  no mundo mais recente que foram completamente exterminados pelos mesmos motivos. Temos mais perto do nosso tempo, o mesmo fenómeno, passado, por exemplo,  com os índios e cowboys, tão projectado nos cinemas de há meio século.




Não obstante  o desenvolvimento, usado na procura de bens de subsistência, tenha sido o causador  das primeiras e continuadas guerras, as quais têm dizimado populações inteiras e continuam  e gerar horrores,  ele também trouxe inegáveis benefícios .











2ª Revolução Agrícola, sec XVIII



O desenvolvimento criou novas ferramentas e  técnicas agrícolas com as quais aumentou a produção,
domesticou os animais, alguns para  trabalho, outros  para alimentação  e ainda outros e alguns dos mesmos para uma  os dois fins e mais  extracção de produtos dos mesmos, como leite  para fabrico do queijo e da manteiga, porque o leite em natureza  é um  tipo de alimento recente.













 O porco,  que antes de   ser submetido ao sacrifício para fornecimento da carne, já foi  limpador de ruas em algumas  cidades.



 









O  cão que sendo também consumido como carne em algumas civilizações,
 foi e é um grande prestador de serviços, antigamente como puxadores de trenós 
nas  regiões geladas, antes  destes serem motorizados,  







 também já passou pela profissão de limpador de chão,
apanhando os restos que de outro modo se tornavam insalubres, continua a exercer a profissão de pastor, polícia,  guarda e fiel companheiro.












O homem domesticou o cão a partir do lobo,  conhecedor que era da fidelidade deste à alcateia









Pensa-se  que o mais antigo cão domesticado  date de 7500 anos a.C. e seja proveniente da Síria.

Além destes animais, o homem domesticou muitos outros, incluindo aves e pequenos roedores, todos eles muito diferentes  originalmente do que são hoje.








O percurso de desenvolvimento, ocasionou  novos processos de conservação, tais como, por exemplo a salsicharia,
os enlatados,  os leofilizados (caso do puré de batata, do leite em pó, dos ovos em pó, etc.), transformação  e armazenamento dos diversos  produtos alimentares  e  o  desenvolvimento  culinário, tornando os alimentos mais digeríveis e mais saborosos.











Por tudo isto a população aumentou exponencialmente, criando o ciclo giratório:




 Se mais abundante e melhor é a alimentação, maior é o   aumento da  população;
 se maior é o  aumento da população, maior é a  necessidade de bens alimentares.


O fenómeno do homo sapiens pode trazer-se até aos nossos dias,  porém temos que lhe acrescentar outros parâmetros, de qualquer modo a luta dos homens tem sido sempre pelo ter e pelo poder, a começar pelos bens alimentares.








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CULINÁRIA



SOPA  MINESTRONE
UMA SOPA DA FAMOSA COZINHA ITALIANA
                                                                                    





Ingredientes: (para 4 litros de sopa, 10 doses)

500g de carne de porco, 250g de toucinho fumado, 500g de feijão catarino, 300g de tomate, um tronco de aipo (cerca de 300g), 500g de aboborinha (courgette), 300g de cebola, 300g de cenoura, 500g de pão, 50g de manteiga, 2 dentes de alho, salsa ou coentros, 1 pitada de pimenta rosa  e 
orégãos.

Confecção:
Depois do feijão  demolhado para hidratar, coloca-se numa panela com água fria, juntamente com a carne e o toucinho. Quando estes estiverem cozidos retira-se  a carne e o toucinho da panela, acrescenta-se água e juntam-se todos os vegetais cortados aos bocadinhos pequenos, o tomate deve ser descascado, mas a aboborinha deve ser com casca. Cortam-se a carne e o toucinho aos bocadinhos pequenos, juntam-se à sopa e deixa-se ferver tudo em lume lento até os legumes estarem bem cozidos e os sabores envolvidos uns com os outros.
Finalmente acrescenta-se mais água se necessário, até à medida de sopa, retempera-se de sal, deixa-se levantar fervura,  retira-se do lume e deixa-se a sopa a estabilizar na panela durante pelo menos 10 minutos antes de a servir.
Entretanto torrou-se algumas fatias de pão que se barraram com manteiga aromatizada. Esta sopa, tradicional de Itália, acompanha com pão.
Seguem-se algumas notas sobre a história desta famosa sopa, entretanto fica a receita para aromatizar a sua manteiga.

Manteiga aromatizada, receita:
Esmaga-se a manteiga com um garfo e junta-se-lhe os aromas, para o caso desta sopa o conselho vai para um pouco de alho pisado, salsa ou coentros, orégãos e a pimenta rosa. Tudo muito pisado com a manteiga com que a seguir se barra o pão.


ALGUMAS NOTAS SOBRE AHISTÓRIA DE SOPA MINESTRONE

 
La piazza della Minestra
Começamos pelo nome, minestrone que quer dizer grande sopa e  deriva  de minestra, que quer dizer sopa, por sua vez minestra vem de minestrar, isto é governar, governar a sopa para a família e até para a comunidade, daí a minestrone.   
Se a sopa, no geral será mais velha que o fogo, conforme vimos na aula 11ª de 2010/2011, sobre a história da sopa, esta  só começa a ser mais elaborada e enriquecida no tempo do império romano, quando também passou a ser enriquecida com cereais.
 O nome de sopa, cuja origem, por tão velha ser,  não é absolutamente clara, já nesta fase romana a designação é  suppa, do latim  que significa ensopar.
Embora a sopa tenha estado, ao longo de toda a sua história, mais ligada à alimentação dos pobres, ela tem merecido honras de grande apreço por variadas entidades intelectuais e apreciadoras de boa mesa.
A minestra, sopa em italiano,  tem origem nos caldos que as  populações camponesas italianas preparavam apenas com  vegetais variados, os que houvesse na época, azeite e algum cereal como cevada ou centeio.
Mesmo assim era  esta sopa  que constituía a refeição completa   dos trabalhadores do campo e mais recentemente, com a 1ª guerra mundial (1914/18), chegou a ser refeição colectiva servida na praça pública, para onde cada família levava o que tinha e fazia render num panelão colectivo os seus poucos recursos alimentares, pois que a maioria eram para alimento da guerra.
Os italianos continuam a celebrar a sopa colectiva (minestrone) na praça que ficou conhecida pela piazza della minestra (praça da sopa). A  minestrone  acompanha toda a história da Itália, ela é para os italianos o símbolo da solidariedade e da resistência.
Vinda da antiga Roma como comida de pobres, na   Idade Média é  enriquecida com carne e até peixe ou o que houver e começa a ser apreciada pelas classes mais altas. É pois nesta época que começa a ser conhecida por   a minestra. Mas,  foi já no século XVI, que a mesma sopa aparece cozinhada com arroz, na região de Milão, onde então era praticada a cultura do arroz,  mais tarde, já pelo século XVIII  com a fabricação  da massa, esta veio em grande parte substituir o arroz.
A riquíssima cozinha italiana,  mais vulgarmente conhecidas pelas  pisas, as lasanhas e mais algumas massas temperadas de molhos à base de tomate, reúne para além destes pratos  um inumerável receituário, onde se inclue a emblemática minestrone.
As receitas desta sopa ou sopas, porque elas, embora todas com a mesma base, feijão vegetais, muitos vegetais e carne que pode ser variada, elas variam também de região para região, os italianos costumam dizer que há tantas variedades de  minestrones em Itália como quantas vilas e cidades existem no país, mais ou menos como o que se passa com o nosso cozido à portuguesa.
A nossa versão de receita desta sopa é com pão torrado e barrado com manteiga aromatizada com o sabor mediterrânico dos orégãos, este pão é ensopado no  caldo da sopa. Podendo este  ser substituído por arroz ou  massa, como passou a ser pela maior parte dos italianos. Também aparece a versão do enriquecimento com queijo parmesão ralado, bem à italiana.







Nota  final:
Texto  de apoio  feito exclusivamente   para apoio das aulas de gastronomia da Universidade  da Terceira Idade de Torres Vedras, pela professora da disciplina , Palmira Cipriano Lopes.

Fontes documentais: : História da Humanidade, Círculo de Leitores. Comida e Civilização,  Carson I.A. Ritchie , tr. de José Labaredas, Assírio e Avim,  Os mistérios  do Abade de Periscos, Fortunato da Câmara, A Esfera dos Livros, Internet,  saites diversos sobre alimentação e desenvolvimento;   Aulas de gastronomia  2011/2012, Palmira Lopes, inédito. 






[1] Vikipédia, população mundial, dados de 2011
[2] In Carson Ritchie, Comida e civilização.

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